As famílias beneficiárias do Programa Integrado de Educação de Adultos e Jovens (PI), no distrito de Dondo, província de Sofala, começam a sentir melhorias nas suas condições financeiras e sociais, resultado da adesão aos Círculos de Poupança e Crédito rotativo promovidos pela iniciativa.

Para além de promover as competências de leitura e escrita, o Programa Integrado (PI) alia práticas inovadoras de integração de habilidades para a vida. A iniciativa está a ser implementada pela Associação de Preservação da Família de Moçambique (APFM), em parceria com a DVV International.

Cândida Manuel Elias, de 26 anos, esposa e mãe de três filhos, frequenta o curso de Educação Integrada de Adultos e Jovens no círculo do Bloco 9, na comunidade de Mafambisse, distrito de Dondo, província de Sofala. Motivada pelo Fórum Comunitário de Alfabetização, partilha agora de desafios que enfrentou para aderir ao curso.

A dona Cândida enfrentou, no início, a resistência do marido para ingressar no processo de alfabetização. Para Alexandre Titosse, o seu companheiro, o lugar da mulher deveria restringir-se ao cuidado da família.

Se a minha esposa não estudou em casa dos seus pais, não sou eu que devo lhe mandar a escola. Tarefa dela é para cuidar da casa e da família.

Foi a partir das notícias que circulavam sobre os benefícios da poupança comunitária no âmbito do Programa Integrado (PI) que Alexandre Titosse começou a reconhecer a importância de permitir que a esposa prosseguisse os estudos.

Para além de adquirirem competências de literacia e numeracia, os participantes discutem formas de aplicar esses conhecimentos na resolução de problemas do dia-a-dia e na melhoria das suas condições de vida. Em dezembro de 2023, o grupo encerrou um ciclo de poupança, procedendo à devolução dos valores acumulados aos beneficiários.

Após a distribuição dos valores entre os membros, os resultados do PI tornaram-se visíveis, com testemunhos a ecoar em toda a comunidade. O impacto ultrapassou o círculo do Bloco 9, despertando a atenção de todo o Posto Administrativo de Mafambisse.

Quando acompanhou a notícia, Alexandre Titosse decidiu conversar com amigos para melhor se informar sobre o programa. Um deles, cuja esposa participou na primeira fase do PI, relatou ter conseguido poupar o suficiente para comprar cimento e melhorar o piso da sua casa.

Acompanhei que este ano a irmã continua a participar no grupo lá na escola. Estou a pedir para obrigar a amiga dela, a minha esposa para ir também, aquele programa ajuda muito, você poupa e no fim recebe o seu valor de volta com um pouco de lucro e pode fazer alguma coisa em casa. Ela só o passa tempo a ver novela e bonecos na televisão.

Foi nesta circunstância que a dona Cândida Manuel teve permissão para participar no grupo de PI nos anos 2024 e 2025.

Aos Directores Regional e Nacional, os beneficiários falaram do impacto positivo da iniciativa.

São vários os impactos do programa, para além de aprender a ler e escrever, também fazemos a poupança, por exemplo, para o meu caso, com o valor que recebi no final da poupança de 2024, compramos, com o meu marido, chapas de zinco e cobrimos uma parte da nossa casa, onde passamos a viver, visto que a primeira casa era de pau a pique e com o outro valor pagámos contrato para corrente elétrica. A Nossa meta deste ano é receber o valor e concluir a outra parte de casa que falta, e eu sei que vamos conseguir através deste programa. (Cândida Manuel, participante)